sábado, 27 de junho de 2015

Câmara Municipal de Almada - XXIV Concurso de Montras de Almada







Vivo na Cova da Piedade, das montras que tive oportunidade de ver gostei muito da que se situa defronte da Cooperativa da Piedade, nº. B-17 Nesta montra está retratada todas as tradições alusivas às festas do S. João Baptista. Não falta nada, desde as primeiras uvas oriundas da quinta da Ramalha, as perpétuas que durante a procissão do S. João eram vendidas em pequenos raminhos, cujo valor  revertia a favor da Igreja de Santiago. Como almadense  senti uma enorme saudade da minha infância em que vestida de cruzada acompanhava a respectiva procissão. Actualmente as coisas são totalmente diferentes.



Manuela Vital


sábado, 7 de abril de 2012

Incrível Almadense



Incrível Almadense

Vou narrar uma parte da minha vida, passada nesta tão antiga colectividade:


Na minha juventude, ALMADA era apenas uma pequena vila. O convívio entre jovens, fazia-se nas colectividades existentes.

- Incrível e Academia Almadense.

Embora gostasse muito da Academia, onde participei em diversas festas maravilhosas, numa delas a Festa da Primavera, em que no concurso para "misse primavera", fui eleita dama de honor.

Mas a Incrível era a minha segunda casa. Anteriormente ao centenário (1948), participei numa comissão para angariar fundos para os novos fardamentos da banda. Um grupo de jovens  cheias de boa vontade, conseguiram esta proeza através de peditórios. Todas as semanas faziam a ronda junto dos sócios contribuintes, conseguindo assim, ao fim de algum tempo, arranjar o dinheiro necessário para o efeito. Se bem me lembro, pelo centenário,  os componentes da banda estavam muito orgulhosos nos seus novos fardamentos. Nesse dia, no "Largo da Cadeia", era assim que se chamava, hoje, "Paços do Concelho", realizou-se uma Sessão Solene, de alto nível, presidida por altas individualidades do Distrito. A Academia Almadense, que estava de relações cortadas com a Incrível, nesse dia a sua nobre Banda veio até à Incrível e tocou o seu hino, acabando assim, as suas rivalidades. Foi lindo! Jamais esquecerei esse  memorável dia, que ficou gravado nas minhas gratas recordações da  juventude.

O teatro era a minha maior paixão, onde permaneci vários anos, interpretando várias peças: O Cabaz de Frutas - A Fonte dos Milagres - Várias Récitas -  e a memorável História da Avozinha, que contava a história da colectividade desde a sua fundação (1848) até ao seu centenário. Eu interpretava a figura da avozinha. Esta peça teve um grande impacto na vila de Almada. É uma pena que o Museu da Incrível não tenha nada respeitante a esta peça, ( nesse tempo não havia os meios que existem  actualmente).

Também se realizavam grandes festas, desde o "Carnaval" sempre muito divertido, o "Baile da Pinha", a "Festa da Micareme", as festas durante o Aniversário da Incrível, a "Passagem do Ano", além de vários bailes nas noites de segunda feira.

Grandes homens passaram por esta colectividade, dando-lhe um grande prestígio. Era aqui, que se reuniam, depois de um dia de trabalho, onde voluntáriamente trabalhavam em prol da colectividade, às vezes até altas horas da noite. É uma pena que as Sociedades Recreativas, que tão bem marcaram uma época, contribuindo assim, para a cultura do povo almadense, estejam em declínio.













segunda-feira, 7 de março de 2011

Carnaval em Almada






Conhecer as tradições, as festas populares e religiosas, as pessoas, os lugares, os acontecimentos e as vicissitudes do passado, é, porventura, um dos suportes para o aprofundamento do conhecimento da identidade e das origens desta região de Almada, as quais constituem valores a preservar no quadro do património cultural.

O presente texto tem por objectivo divulgar a tradição do Carnaval à comunidade e, em especial às novas gerações, e evocar os bons tempos de espirituosos divertimentos ou das extravagantes folganças entrudescas que animaram as gentes de Almada. Com base em informações avulsas de obras impressas e, em particular, em depoimentos de diversas individualidades, foi possível delinear um primeiro esboço sobre as festividades carnavalescas desta "Outra Banda": tipificação de folias e máscaras (por exemplo: o pançadinhas ao velho "O sacha", o dominó negro, a velha alcoviteira), assaltos,bailes nas colectividades, baile da pinhata, serração da velha, cegadas, enterro do bacalhau e por fim o baile da micareme.

As festas tradicionais de Carnaval em Almada diluíram-se, desde os meados da década de sessenta, em consequência de vários factores, em especial a vigilância e a repressão do Estado Novo. O entrudo dos nossos antepassados desfez-se, como uma partida de Carnaval. Tudo o que o Carnaval tinha na segunda metade do Século XIX e na primeira metade do século XX, porque era produto da imaginação espontânea do povo, como as cegadas, a serração da velha e outros folguedos, quase tudo isso acabou. As festas populares foram, desde o final da década de setenta, substituídas por outras festas quase oficiais.

Os actuais bailes, desfiles, concursos, exposições, grupos animados, corsos carnavalescos, corsos das escolas e outras folias individuais ou em grupo fazem parte do Carnaval dos nossos dias.
a) Alexandre Flores

Segundo definição genérica, o Carnaval é uma festa popular colectiva, que foi transmitida oralmente através dos séculos, como herança das festas pagãs realizadas a 17 de Dezembro (Saturnais - em honra do Deus Pã, na Roma antiga). Na verdade, não se sabe ao certo qual a origem do Carnaval, assim como, a origem do nome, que continua sendo polémica.

Alguns estudiosos afirmam que a comemoração do Carnaval tem as suas raízes numa festa primitiva, de carácter orgíaco, realizada em honra da Primavera. De facto, em certos rituais agrários da Antiguidade, 10 mil anos a. C. homens e mulheres pintavam os seus rostos e corpos, deixando-se enlevar pela dança, pela festa e pela embriaguez.

Outros autores acreditam que o Carnaval tenha tido o seu início nas alegres festas do Egipto. É bem verdade que os egípcios já festejavam 0 culto a Ísis em 2ooo a.C.

Em Roma, realizavam-se danças em homenagem ao Deus Pã (as chamadas Lupercais) e a Baco (ou Dionísio, para os gregos) - rituais dionisícos bacanais.

No início da era Cristã, a Igreja deu nova orientação a essas festividades, punindo severamente os abusos. Entretanto, se o Catolicismo não adoptou o Carnaval, suportou-o com certa tolerância, já que a fixação do período momesco gira em torno de datas predeterminadas pela própria Igreja. Tudo indica que foi nesse período que se deu a anexação ao calendário religioso, pois o Carnaval antecede à Quaresma. É uma festa de características pagãs que termina em penitência, na dor de Quarta Feira de Cinzas.

Origem da palavra Carnaval - Nas festas havia um carro em forma de navio, que abria caminho em meio à multidão que, usando máscaras, promovia as mais diversas brincadeiras. Segundo alguns, daí vem a origem da palavra Carnaval - carrum navalis - (carro naval). Mas isso já foi contestado. Actualmente a teoria mais aceita é a que liga a palavra carnaval a carne vale, ou seja, adeus à carne, uma espécie de último momento de alegria e festejos profanos antes do período triste da quaresma, quando a Igreja Católica relembra os 40 dias de Jesus Cristo no deserto e convida seus fiéis a um período de privação, penitência e meditação.

Nota: - No início deste blogue o Carnaval em Almada já tinha sido descrito. No entanto, esta, é a continuação do mesmo de uma forma mais profunda.


Manuela Vital

sexta-feira, 18 de junho de 2010

Comemoração dos 500 anos do nascimento de Fernão Mendes Pinto







Fernão Mendes Pinto foi um português que, como milhares de outros compatriotas do século XVI mercantil e imperialista, embarcara para o Oriente a fim de obter fortuna. Depois de ter percorrido distantes terras, conhecido outras culturas e outros povos, regressa a Lisboa, a 22 de Setembro de 1558. Quatro anos depois, foi viver para o Termo de Almada. Casou com Maria Correia de Brito trinta anos mais nova.
Por esta altura, vivia-se uma época fértil em acontecimentos de ordem política, religiosa e cultural. Decorria o 3º. período do Concílio de Trento, em que participaram Frei Francisco Foreiro (fundador do Convento de S. Paulo em Almada, em 1569), e ainda o teólogo Diogo de Paiva de Andrada.
Na última fase da sua vida - Vinte e um anos que decorreram entre 1562 e 1583, no sítio do Pragal - Fernão Mendes Pinto tornou-se proprietário de uma quinta em Palença, com casa de habitação, courelas de vinha e de semeadura
Fernão Mendes Pinto convive, entretanto, na Vila de Almada, com Francisco de Sousa Tavares, Bernardo Carvalho, João Lobo, Francisco de Andrada, (cronista-mor do reino e poeta), todos provedores da Misericórdia de Almada, e outras figuras que prestaram serviço no Oriente, então residentes na Outra Banda.
Por volta dos anos de 1569-70, Fernão Mendes Pinto começa a escrever as aventuras vividas e imaginárias na sua "Peregrinação", um livro de memórias sobre "Coisas que viu", uma das mais impressionantes obras de " cultura portuguesa quinhentista."
Vivia-se uma época, em que, quer ao nível do indivíduo, quer do Estado, as Índias constituíam um meio de enriquecimento. Na sua casa recebe diversas individualidades ilustradas, que procuravam obter informações sobre a China , o Japão e outras terras do Oriente. Recebeu, entre 1569 e 1571, a visita de Bernardo Nerí, embaixador de Cosme I Médicis, grão-duque da Toscana.
A partir dos princípios da década de 1570, Fernão Mendes Pinto é uma figura pública no círculo dos juízes, vereadores e outros oficiais da Câmara, uma pessoa socialmente integrada nos meios da nobreza e da Governança local. Foi um dos juízes da vila, pelo menos em 1572 e 1577, "cargo exigido na época para ser eleito mamposteiro da Gafaria de S. Lázaro e da Albergaria de Santa Maria de Almada", então integrados na confraria da Misericórdia de Almada". Na qualidade de mamposteiro, Fernão Mendes Pinto tinha a seu cargo a arrecadação dos foros devidos às Albergarias, recebendo os estipêndios então definidos. Cabia-lhe a ele também, juntamente com o escrivão e os juízes, aforar em praça pública os bens da instituição e executar as despesas dos hospitais por mandado dos juízes e vereadores.
Em 1573, na "mesa do despacho da casa da Misericórdia desta vila de Almada", perante a presença do provedor Bernardo Carvalho, fidalgo da casa real, de António Grizante, escrivão da Câmara e também candidato concorrente a mamposteiro, de Pedro Vilela, escrivão da Câmara e de outros irmãos da Misericórdia, é eleito "mamposteiro do hospital de S. Lázaro anexo a esta casa e também serviria pela mesma maneira de mamposteiro de Nossa Senhora, e tudo aceitou e de todas as rendas" A segunda eleição para o mesmo cargo ocorreu em 1578, na provedoria de João Lobo.
Curiosamente, foi entre os anos de 1569 e 1578 que escreveu a sua "Peregrinação". Neste último ano, dava-se o já referido desastre de "Alcácer Quibir", onde morreu D. João de Portugal, (provedor da Misericórdia de Almada, nos anos 1571-1572 e 1576-77; João Tavares de Sousa (provedor 1570-71, e Cristovão de Távora, filho de Lourenço Pires de Távora, (fundador do Convento dos Capuchos, da Caparica).
Nesta batalha, que contribuiu para a perda da independência, foi feito prisioneiro o grande escritor místico Frei Tomé de Jesus, irmão de Francisco de Andrada (também provedor) e de Diogo de Paiva de Andrada.
Após as cortes de Tomar, em Abrilde 1581, e entre Junho deste ano e Fevereiro de 1583 - a fazer fé em Francisco de Herrera Maldonado, o tradutor da Peregrinação em castelhano - D. Filipe II (agora também D. Filipe I de Portugal) ter-se-á encontrado com Fernão Mendes Pinto
D. Filipe passava " muchos ratos cõ oirle, dando tanto crédito a sus verdades, como era buen testigo el tiempo que gostava em saberlas", explicitando o cónego Herrera que as histórias "las que van esta História (A Peregrinação), que son las mismas que su Magestade tan gratamente oía". E decerto que tal convivência entre ambos não será alheia à concessão da tença anual de dois moios de trigo (qualquer coisa como mil e seiscentos litros) que lhe foi atribuído por D. Filipe, em 15 de Janeiro de 1583, pouco antes do regresso do rei a Castela".
Fernão Mendes Pinto faleceu a 8 de Julho de 1583. A Peregrinação, escrita em Palença, do Termo de Almada, doada a Casa Pia das Penitentes Recolhidas de Lisboa, foi publicada em 1614, por intermédio do Livreiro Belchior de Faria.
Uma grande obra da época dos Descobrimentos onde Fernão Mendes Pinto, deixou exaradas as suas aventuras, desventuras, memórias, críticas, ficções... Um livro que continua a suscitar aturados estudos em Portugal e no estrangeiro.

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Fernão Mendes Pinto (1510-1583), nasceu em Montemór- o - Velho, na Beira Litoral. Este espantoso escritor e viajante do século XVI, o maior depois de Marco Paulo, é o autor de um dos maiores livros da história de todas as literaturas - Peregrinação - Viajante insatisfeito, homem com sete fôlegos, andou vinte anos pela Índia e pelo Oriente, conhecendo toda a rota da fortuna e do azar, senhor e escravo, pirata e embaixador, mercador e guerreiro, descobridor de terras e até missionário. Segundo ele escreveu, mais tarde, foi 13 vezes cativo e 17 vendido. Não houve terras e mares do cabo do mundo por onde ele não andasse; Abissínia, Arábia, Malaca, Sumatra, Java, Pegu, Sião, China e o Japão ignorado, a "Pestana do Mundo", onde ele introduziu a espingarda, coisa que essa gente jamais havia visto. Foi também companheiro do espanhol S. Francisco Xavier. E, depois desta longa e trabalhosíssima peregrinação, volta ao Reino, demora-se quatro anos em Lisboa, acabando por se recolher em Almada.
O investigador almadense, José Carlos de Melo, descobriu este curioso documento nos arquivos da Misericórdia de Almada, onde o grande escritor foi provedor.

Fernão Mendes Pinto


Finou-se em 8 de Julho de 1583 no Pragal, termo da Villa, em casa sua, foi sepultado na Igreja de S. Tiago, em Almada, na capela devotada a Nossa Senhora da Conceição, muito perto do altar.
O corpo foi amortalhado com o hábito de S. Francisco e teve missa quando desceu à sepultura. Deixou legado à capela para cuidar da sepultura e missa no dia "aniversário da morte". O filho ordenou cumprimento "vontade do pai e desejo ter sepultura na mesma capela".

"Na chancelaria de Filipe II foi encontrada uma carta, datada de 15 de Janeiro de 1583, em que aquele monarca fez a Fernão Mendes Pinto, a mercê de dous moyos de trigo de tença cada ano em dias de sua vyda, os quaes lhe serão paguos no allmoxarifado da villa de Allamada, atendendo aos serviços que prestara nas partes da Índia.


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domingo, 6 de dezembro de 2009

Actualidade


Recentemente foi descoberto (1988), junto ao castelo de Almada, a existência de uma importante cidade, do século VII A. C. chamada "ALMARAZ".
Ironia da história, os quatros hectares em pleno centro de Almada, sobreviveram às pressões típicas do século XX e constituem hoje um dos mais importantes sítios arqueológicos da área metropolitana e até do País. A Câmara prepara plano de pormenor. Está em estudo um projecto, entre outras obras, a construção de um museu. Existem 500 mil peças em estudo. "O último trabalho sobre o Almaraz" publicado no site do Instituto Português de Arqueologia, data de 2001".


Nos dias de hoje, Almada é uma cidade em grande desenvolvimento, quer a nível cultural, quer a nível urbanístico, quer a nível desportivo. A Câmara têm tido um papel preponderante no desenvolvimento da Cidade

Nota: - Todo o trabalho deste blog. é baseado na História de Almada

terça-feira, 1 de dezembro de 2009