segunda-feira, 7 de março de 2011

Carnaval em Almada






Conhecer as tradições, as festas populares e religiosas, as pessoas, os lugares, os acontecimentos e as vicissitudes do passado, é, porventura, um dos suportes para o aprofundamento do conhecimento da identidade e das origens desta região de Almada, as quais constituem valores a preservar no quadro do património cultural.

O presente texto tem por objectivo divulgar a tradição do Carnaval à comunidade e, em especial às novas gerações, e evocar os bons tempos de espirituosos divertimentos ou das extravagantes folganças entrudescas que animaram as gentes de Almada. Com base em informações avulsas de obras impressas e, em particular, em depoimentos de diversas individualidades, foi possível delinear um primeiro esboço sobre as festividades carnavalescas desta "Outra Banda": tipificação de folias e máscaras (por exemplo: o pançadinhas ao velho "O sacha", o dominó negro, a velha alcoviteira), assaltos,bailes nas colectividades, baile da pinhata, serração da velha, cegadas, enterro do bacalhau e por fim o baile da micareme.

As festas tradicionais de Carnaval em Almada diluíram-se, desde os meados da década de sessenta, em consequência de vários factores, em especial a vigilância e a repressão do Estado Novo. O entrudo dos nossos antepassados desfez-se, como uma partida de Carnaval. Tudo o que o Carnaval tinha na segunda metade do Século XIX e na primeira metade do século XX, porque era produto da imaginação espontânea do povo, como as cegadas, a serração da velha e outros folguedos, quase tudo isso acabou. As festas populares foram, desde o final da década de setenta, substituídas por outras festas quase oficiais.

Os actuais bailes, desfiles, concursos, exposições, grupos animados, corsos carnavalescos, corsos das escolas e outras folias individuais ou em grupo fazem parte do Carnaval dos nossos dias.
a) Alexandre Flores

Segundo definição genérica, o Carnaval é uma festa popular colectiva, que foi transmitida oralmente através dos séculos, como herança das festas pagãs realizadas a 17 de Dezembro (Saturnais - em honra do Deus Pã, na Roma antiga). Na verdade, não se sabe ao certo qual a origem do Carnaval, assim como, a origem do nome, que continua sendo polémica.

Alguns estudiosos afirmam que a comemoração do Carnaval tem as suas raízes numa festa primitiva, de carácter orgíaco, realizada em honra da Primavera. De facto, em certos rituais agrários da Antiguidade, 10 mil anos a. C. homens e mulheres pintavam os seus rostos e corpos, deixando-se enlevar pela dança, pela festa e pela embriaguez.

Outros autores acreditam que o Carnaval tenha tido o seu início nas alegres festas do Egipto. É bem verdade que os egípcios já festejavam 0 culto a Ísis em 2ooo a.C.

Em Roma, realizavam-se danças em homenagem ao Deus Pã (as chamadas Lupercais) e a Baco (ou Dionísio, para os gregos) - rituais dionisícos bacanais.

No início da era Cristã, a Igreja deu nova orientação a essas festividades, punindo severamente os abusos. Entretanto, se o Catolicismo não adoptou o Carnaval, suportou-o com certa tolerância, já que a fixação do período momesco gira em torno de datas predeterminadas pela própria Igreja. Tudo indica que foi nesse período que se deu a anexação ao calendário religioso, pois o Carnaval antecede à Quaresma. É uma festa de características pagãs que termina em penitência, na dor de Quarta Feira de Cinzas.

Origem da palavra Carnaval - Nas festas havia um carro em forma de navio, que abria caminho em meio à multidão que, usando máscaras, promovia as mais diversas brincadeiras. Segundo alguns, daí vem a origem da palavra Carnaval - carrum navalis - (carro naval). Mas isso já foi contestado. Actualmente a teoria mais aceita é a que liga a palavra carnaval a carne vale, ou seja, adeus à carne, uma espécie de último momento de alegria e festejos profanos antes do período triste da quaresma, quando a Igreja Católica relembra os 40 dias de Jesus Cristo no deserto e convida seus fiéis a um período de privação, penitência e meditação.

Nota: - No início deste blogue o Carnaval em Almada já tinha sido descrito. No entanto, esta, é a continuação do mesmo de uma forma mais profunda.


Manuela Vital